No início dos anos 90, a fabricante de aguardente Ypióca se viu diante de dois problemas. Um era provocado pelo mercado de embalagens, que não deu conta de acompanhar o crescimento da indústria e teve sérias dificuldades para atender a demanda. O outro obstáculo era o acúmulo de bagaço da cana-de-açúcar que não era usado para fazer lenha – produto que a empresa também criava desde a década de 40. Essas duas dificuldades abriram caminho para a criação da unidade de papelão da Ypióca.
Com o “apagão de embalagens”, a companhia passou a fabricar todos os embrulhos de seus produtos usando o bagaço, o “lixo” da plantação de cana. Hoje, a empresa produz 450.000 toneladas de bagaço em um período de safra, de agosto a dezembro. Usando parte desse volume, a unidade de papelão e celulose fabrica 70 toneladas de bobinas de papel e caixas impressas por dia. A empresa consome de 15% a 20% da produção para acomodar os produtos das marcas Ypióca e Sapupara e vende o restante para terceiros.
A companhia não revela os valores exatos, mas, de acordo com o diretor de planejamento do Grupo Ypióca, Paulo Telles, a unidade desse novo negócio, em Pindoretama, no Ceará, rende à empresa praticamente a mesma receita gerada pela fábrica de cachaça que fica no mesmo local e, de quebra, deixa a companhia independente na produção de embalagens. “O faturamento da planta dobrou depois que começou a fabricar papelão, além da cachaça”.